"Água no Brasil" é uma obra que reúne trabalhos que tentam responder a um dos maiores desafios do século XXI: pensar a água em seu dinâmico entrelaçamento com a sociedade humana. A água, por sua centralidade na constituição do planeta e de todas as suas formas de vida, é protagonista onipresente em diversos conflitos e disputas de onde emergem a escassez, os desastres, as fronteiras políticas, as desigualdades sociais, as resistências, as ideias e os conhecimentos científicos. Recuperar esses entrelaçamentos significa pensar a sobrevivência humana em tempos de crise planetária.

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Este livro aborda uma das principais temáticas da contemporaneidade: o acesso à água como direito humano essencial. A decisão de incluir a água no temário dos direitos fundamentais foi tomada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2010 e visava dar visibilidade a 900 milhões de pessoas sem acesso à água limpa na ocasião, e, portanto, sem direito à vida, saúde, habitação e alimentação dignas.

A normatização, no entanto, não teve qualquer efeito como medida de redução de vulnerabilidades sociais e ambientais. Tendo a gravidade dessa situação no horizonte, os capítulos do livro reúnem as discussões travadas em eventos científicos realizados na UERJ e na UFRJ entre 2015 e 2017; período imediatamente posterior à crise hídrica vivida por São Paulo, assim como ao desastre do rompimento da barragem de rejeitos de mineração da empresa Samarco, em Mariana, Minas Gerais.

A obra traz grande contribuição a essa agenda intelectual e política, ao privilegiar, nas suas três partes estruturantes, os temas da contaminação e escassez, distribuição e abastecimento, e o da centralidade da água como agente sócio-ambiental. Sua abordagem interdisciplinar interessará a estudantes e profissionais das áreas de teoria política, geografia, sociologia, direito e história.

Como o passado pode contribuir para aclarar decisões e disputas contemporâneas? Este livro é um convite a essa e outras reflexões que envolvem a própria sobrevivência da espécie humana no Planeta. Passemos, pois, à sua leitura!

Dominichi Miranda de Sá
Historiadora e pesquisadora da Fiocruz