Entre as várias teologias há uma muito particular: a mistagogia, que quer ser uma explicação teológica não somente do fato sacramental, mas também de cada um dos ritos de que é composta a celebração litúrgica. A explicação da celebração litúrgica sempre existiu na Igreja, mas somente no fim do século IV é que assume a forma verdadeiramente particular de catequese mistagógica. Trata-se de fenômeno de grande interesse, cujos máximos expoentes são: Ambrósio de Milão, Cirilo (ou, mais provavelmente, João) de Jerusalém, João Crisóstomo e Teodoro de Mopsuéstia. A teologia contida nas catequeses mistagógicas já é um prelúdio da teologia das épocas posteriores e tem uma especial relação com a nossa. Com efeito, a atual teologia dos sacramentos é caracterizada por dois elementos: a dificuldade em aceitar a perspectiva bíblica e, como tentativa de contornar esse inconveniente, a recuperação da teologia dos mistérios. Ambos os dados têm origem direta na perda da tipologia bíblica como método constitutivo da mistagogia. Essa perda desastrosa já começa a exercer certo papel nos textos das homilias mistagógicas que são examinadas neste livro. Segue-se que o estudo dessas homilias servirá também para compreender melhor a situação atual da teologia da liturgia.