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A SEDUÇAO E AS ARTIMANHAS DO PODER: O VENTRE...NEGRAS
Neste volume estão reunidos dois textos de Saidiya Hartman escritos em um intervalo de 30 anos. Com lentes distintas, abordam relações entre escravidão e liberdade e olham para a incidência do poder nos discursos de sedução e nos trabalhos das mulheres negras. Ao serem trazidos lado a lado, situam a pesquisa de longa data de Hartman e desafiam as noções limitadas de escravidão postuladas pela filosofia jurídica e política liberais. O ventre do mundo: uma nota sobre os trabalhos das mulheres negras, publicado em 2016, aqui está reunido a uma versão revista de A sedução e as artimanhas do poder, artigo originalmente publicado em 1996.
O ventre do mundo destaca a importância de considerar que, da mesma forma que a capacidade reprodutiva das mulheres escravizadas foi um dos pilares da escravidão, deve-se tratar do trabalho reprodutivo quando se intenciona pensar sobre a vida generificada pós escravidão. Escravizadas submetidas à negação e à desfiguração da maternidade, tinham seus ventres transformados em uma fábrica que reproduzia a condição de ser negro como ser abjeto. Quando trata do contexto de sobrevida da escravidão, Hartman insiste em como os trabalhos de mulheres negras, incluindo o trabalho de parto, trazem à vista a não conformidade de gênero da comunidade negra, suas outras formas de se relacionar, que o mundo branco olha com olhos patologizantes.
Em A sedução e as artimanhas do poder a autora se volta para a culpabilidade anunciada como criminalidade negra, e para a importância de entender como a sedução faz parte de um trabalho basal na expansão e reprodução das afirmações do poder. Hartman mostra como construções em torno das noções de direito, culpabilidade, privilégio e punição deram as bases da construção da diferença racial e das distinções entre o branco livre e pretes catives. Os discursos da sedução no direito escravista reiteram a submissão como imprescindível em relações nas quais quem é subjugado deve se render ao senhor para garantir sua proteção e reconhecimento afetivo. O argumento da autora mostra como a violência da lei é inseparável do dito ou não dito em torno da sedução, produzindo silêncios constrangimentos em relação a sistemáticos estupros, rasuras que impossibilitam que se vislumbre a magnitude da violência da escravidão. É olhando para a negação de tais atos que Hartman nos mostra como “a existência geminada da escrava como propriedade e pessoa era um esforço de combinar reciprocidade e submissão, intimidade e dominação, a legitimidade da violência e a necessidade de proteção”.
A reunião dos dois textos permite ampliar as lentes pelas quais analisar as formas como relações de cuidado e laços afetivos podem se tornar ferramentas poderosas para o exercício do poder, sendo as próprias engrenagens das relações de subordinação e dependência. Os dois ensaios publicados aqui se somam a “Vênus em dois atos”, ensaio de Hartman publicado na antologia de ensaios Pensamento negro radical (crocodilo, n-1 edições, 2021). Tais textos iniciam o leitor no pensamento da autora, em seu método e sua forma de trabalhar com o arquivo.
Nome
A SEDUÇAO E AS ARTIMANHAS DO PODER: O VENTRE DO MUNDO - UMA NOTA SOBRE OS TRABALHOS DAS MULHERES NEGRAS
CodBarra
9786588301265
Segmento
Humanidades
Encadernação
Brochura
Idioma
Português
Data Lançamento
03/11/2022
Páginas
148
Peso
120,00
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