Existem pessoas que vivem muitas vidas em uma só. Audie Murphy é uma delas. Nasceu em uma família muito pobre, no Texas, em 1925. Criado sem o pai, Murphy estudou apenas até os 13 anos, quando começa a trabalhar para ajudar a mãe e os irmãos. Após a morte da mãe, falsifica seu registro de nascimento para ingressar no exército aos 17 anos, levado pela irmã mais velha. Com 20 anos, este homem de 1,65 metros e pouco mais de 50 quilos não é apenas um veterano já calejado por inúmeras batalhas na Segunda Guerra Mundial; com 20 anos ele é o soldado norte-americano mais condecorado da história dos Estados Unidos. Estima-se que ele tenha matado 240 soldados em cerca de vinte meses de combate. Na volta para casa, o rosto estampado na capa da revista Life é o gatilho para outra vida intensa não programada que se apresenta a ele, a de estrela de cinema na frívola e pragmática Hollywood. Com mais de quarenta filmes, em grande parte westerns, atuou em obras
importantes como Glória de um covarde, de John Huston, e Balas que não erram, de Jack Arnold. Nesta biografia improvável de um herói de guerra que se torna astro, David A. Smith está interessado em iluminar as sombras de um homem de olhar frio marcado por experiências tão
profundas. O vício do jogo. A dificuldade de relacionar-se. Os pesadelos que o atormentavam à noite a ponto de fazê-lo, ainda dormindo, esmurrar paredes até os nós dos dedos sangrarem. Viver muitas vidas em uma só tem seu preço.