Este trabalho resulta do desejo em formar um quadro, mais claro, das diferenças regionais no passado brasileiro por meio das características demográficas e econômicas das escravarias e da distribuição dos escravos pelos seus proprietários na segunda metade do século XIX. Nas últimas décadas, um conjunto significativo de estudos monográficos avançou no conhecimento da realidade brasileira, em especial para o Sudeste, porém diversos problemas dificultam a comparabilidade das informações, como, por exemplo, fontes e/ou períodos distintos e até mesmo a falta de padronização nas apresentações dos dados publicados. Nesse sentido, realizamos um estudo calcado em documentação primária que procura apresentar informações sobre a propriedade escrava num panorama mais abrangente possível do Brasil em um momento específico: a década de 1870. Utilizamos, como fonte principal da pesquisa, os registros de matrículas e classificação dos cativos realizados após a Lei do Ventre Livre, além dos informes do comércio marítimo das províncias.