Desde sua criação, em 1957, a coleção Nossos Clássicos foi instrumento fundamental para ao ensino das literaturas brasileira e portuguesa. A seleção cuidadosa de textos dos principais autores de nosso acervo literário, acompanhada por estudo crítico elaborado por grandes especialistas e seguida de bibliografias, despertava o interesse de leitores iniciantes, conduzia estudantes, ajudava o professor, tornando cada volume fonte de referência agradável e de absoluta confiança.

As conhecidas dificuldades de acesso a edições de autores portugueses e os limites das pequenas edições brasileiras foram tornando os volumes da Nossos Clássicos, em muitos casos, fontes primárias de leitura e consulta. Na coleção surgiram textos então de difícil acesso como os escritos de Sousândrade, em volume preparado Haroldo e Augusto de Campos, de José de Anchieta, apresentado por Eduardo Portella ou de Antonio Nobre, organizados por Luís da Câmara Cascudo.

Pela mão dos organizadores - Alceu de Amoroso Lima, Roberto Alvim Corrêa e Jorge de Sena - aos clássicos da literatura foram-se reunindo também clássicos da crítica literária como Lúcia Miguel Pereira, José Aderaldo Castello, Antonio Candido, Benedito Nunes, João Alexandre Barbosa. Pesquisadores, professores e historiadores levaram para a coleção aqueles escritores a que vinham dedicando toda uma vida de leituras: Cleonice Berardinelli com Gil Vicente e Mário de Sá-Carneiro, Francisco Assis Barbosa e seu Lima Barreto, Manuel Bandeira leitor de Gonçalves Dias e assim por diante.

Na fase que agora se inicia é o próprio conceito de "clássico" que merece ser revisto. Afinal, a própria coleção já comprovou que, entre nós, o modernismo é clássico. Trata-se, a partir deste momento, de apresentar como consagrados não só os escritores fundadores, mas também outros, mais próximos no tempo, que vêm se tornando não apenas objeto de interesse do público leitor, mas tema de pesquisas e análises especializadas. Nesta ótica, chega-se rapidamente a contemporâneos que já são referência de estudos, autores que interessam tanto ao leitor iniciante como ao crítico ou ao professor.

É conhecendo a tradição, debatendo com o consagrado, polemizando com o contemporâneo que se estuda literatura. É percorrendo o melhor de cada autor, pelas mãos de quem bem o conhece, que se inicia o gosto pela literatura que pode - e esta é a meta da coleção - transformar-se em paixão de toda a vida.