Eis aqui um livro daqueles para ler num único fôlego. Até porque, não venha reclamar depois que eu não avisei, a chance de você ficar sem ar é muito grande. Da primeira à última linha, somos guiados magistralmente por uma narrativa que, embora se apresente linearmente, intercala, exatamente como em nossas vidas, fragmentos que evocam incerteza, humor, mudança de planos, memórias afetivas e coragem para romper com a estabilidade.

Está tudo na obra. A protagonista obcecada por uma imagem onírica e incerta, que gota a gota vai respirando mudança com atitudes pautadas ora na insegurança que todos carregamos conosco, ora numa impulsividade que, de largada, parece fake mas que todos nós deveríamos ter. A metamorfose de Isabela que vai se materializando, capítulo a capítulo, diante de nós. E, por fim, a nossa passagem de meros espectadores a torcedores e confidentes de um mergulho em um turbilhão de sensações e situações.

Quer dizer: é um ensinamento. Isabela é uma pessoa no começo da história e, tal crisálida transformada, uma mulher que luta para tomar novamente as rédeas da própria existência, perdidas em algumas decisões comezinhas e que não pareciam decisivas. Emergir custa esforço, coragem e, de nós, leitores, fôlego para ir à luta com ela.

Escultora e feiticeira das palavras, Bárbara Wieler nos brinda – e inebria – com um romance muito satisfatório, em que cada vocábulo parece estar no seu devido lugar. Por isso, não tem como não amar Em Busca de Atílio e sua autora. Eu, aliás, já a chamo de amor da minha vida. Você também pode – e vai – amá-la depois dessa obra. Tudo bem. Eu entendo.

Rodrigo Wieler
Professor de Literatura e especialista em Literatura Brasileira

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