À maneira de autores como Faulkner, Onetti e no Brasil, Érico Veríssimo e Autran Dourado, que criaram universos próprios como cenários literários, Aercio Consolin também inscreve na literatura brasileira um espaço mítico, o de Conceição dos Mansos, microcosmo nem tanto ficcional onde se desenrola a maioria de seus enredos, tanto no romance como no conto. Com requintada visão para escrutinar meandros da existência interior do ser humano, Consolin permite constatar que mesmo circunscrita a estreitezas típicas dos pequenos burgos, a universalidade das emoções está representada nos magníficos personagens presentes no conjunto da obra até aqui composta por três livros de contos e dois romances, desse obstinado ourives da palavra.

Este Entreato Amoroso vem, depois de um dilatado silêncio do autor, confirmar tudo o que críticos do quilate de Wilson Martins, Fábio Lucas, Flora Sussekind, Hélio Pólvora e outros já detectaram em livros anteriores. Um autor original e independente, arguto observador da vida, emérito contador de histórias tecidas em linguagem intensamente trabalhada e referta de criatividade, com uma pontua­ção que permite ao leitor uma fruição do texto mais pessoal e menos induzida. O romance confirma o que afirmou Pedro Nava sobre Aercio Consolin: “cumpre exemplarmente o seu dever de escritor que é escrever bem – o que nem sempre se vê…”.

(José Reinaldo Pontes)