No livro, a autora recorre à história, à política, às relações internacionais e à sociologia para fazer uma interessante contextualização sobre o assunto e afirmar que a guerra às drogas, além de ser um fracasso, faz pior: mantém e assegura a expansão de um mercado negro das drogas. O preço a ser pago é a violação dos direitos do indivíduo e a amplificação dos problemas de saúde pública. Por outro lado, contribui, com sucesso, para proteger os mercados de drogas lícitas, como o tabaco e o álcool.

Beauchesne demonstra ainda como, historicamente, em particular em momentos de crise econômica, a chamada “guerra às drogas” serviu ao controle e à criminalização de grupos étnico-sociais específicos. Exemplos disso ocorreram nos Estados Unidos, com imigrantes chineses e mexicanos, acusados de fomentar os mercados do ópio e da maconha, respectivamente, no final do século XIX e nos difíceis anos de 1920.

O livro é apresentado ao público com a intenção de oferecer uma ferramenta de análise para especialistas que se dedicam ao tema, e um convite ao debate entre a população leiga, ao fornecer argumentos consistentes para que se possa opinar quanto ao modelo de proibição vigente no Brasil.

Dividido em quatro partes, a obra aborda a guerra às drogas, sua inutilidade e utilidade; o início da proibição das drogas e a eficácia das primeiras leis; os setores que defendem a proibição e os que apoiam a legalização.