"Como não existem leituras sem que ocorram reflexões ou associações voluntárias ou involuntárias que acabam por puxar o leitor para fora do livro, cada leitura arquivada pode ser motivo para que a memória faça ecoar outras reflexões, outras leituras, outras memórias… que vão constituindo aquele possível texto sempre incompleto de ecos infinitos que se costuma chamar de crítico ou ensaístico."

Essa passagem, no texto que abre a presente coletânea, mostra um pouco da filosofia da composição de Leituras Desarquivadas e do método crítico de seu autor. A idéia de que os significados (e o enigma) da obra literária não devem jamais ser pacificados por uma "leitura de acomodação" percorre esses ensaios e o legado teórico de João Alexandre Barbosa – mas também impregna a estrutura do livro.

Agrupados em cinco partes, os ensaios sugerem uma combinação de rigor metodológico com atenção para aquilo que não se esgota nos modelos de análise e interpretação, para os fios que permanecem soltos e que podem ser reatados muitas vezes pelo simples gesto de aproximar um ensaio de outro, criando contigüidades de sentido. – Manuel da Costa Pinto