No período posterior aos anos 1950, o processo de metropolização assumiu forma marcante, tornando-se uma das principais expressões da expansão da urbanização em território brasileiro. A difusão efetiva desse processo em todos os seus aspectos provocou mudanças significativas no padrão de distribuição das cidades e do ordenamento territorial brasileiro.

Na Amazônia brasileira, essa realidade aponta para o fato de que parcelas significativas dessa região acompanharam, nas últimas décadas, as tendências de urbanização, e mais recentemente de metropolização, verificadas para o Brasil. Particularmente na dinâmica regional amazônica, a urbanização assumiu diferentes formas, em virtude dos processos diferenciados de expansão urbana na região. Belém foi a cidade de referência na região em diferentes períodos, caracterizando-se, desde a ocupação do colonizador, como uma das “portas de entrada” para a Amazônia. Esta importância foi consolidada com a posição geográfica, política e administrativa que a cidade apresentou em diferentes períodos históricos. No final do século XIX e início do século XX, essa posição central da cidade para com a região se acentuou em virtude da intensificação dos laços regionais com a nascente economia industrial em âmbito internacional, no que ficou conhecido historicamente como o “período da borracha”. A partir da segunda metade do século XX, período que cobre parte desta obra, é possível cada vez mais reconhecer Belém como uma metrópole em expansão, especialmente a partir dos anos 1970, quando a cidade se tornou uma referência administrativa para as instituições que estimulavam os projetos de integração nacional e de desenvolvimento regional. Esta obra é uma expressão do esforço e do compromisso de todos os pesquisadores envolvidos na empreitada que é analisar uma estrutura metropolitana como Belém, em uma região que tem na complexidade uma das mais relevantes expressões de seu processo de urbanização.

Dessa forma, apresentamos ao público nossas reflexões, análises, relatos e experiências sobre a metrópole belenense. Ao mesmo tempo em que os assuntos aqui abordados são reveladores dos processos que se expressam na vida cotidiana dos que vivem nessa aglomeração urbana amazônica, busca-se dar conta da dimensão que representam os desafios decorrentes dessa vida metropolitana em formação, assim como da necessidade de pensar em formas democráticas de regulação e gestão de seus processos com vistas a um olhar não fragmentado de sua dinâmica e configuração espacial e possibilidades de existência urbanas mais cidadãs.