Em ‘Os crepúsculos não cabem no mundo’, o jornalista Eduardo Vessoni faz uma espécie de inventário das viagens do poeta Mário de Andrade, com destaque para experiências em Minas Gerais, no Nordeste e nas Amazônias brasileira e peruana.

Neste livro, o leitor encontra “Mários” difusos em postais, livros, cartas e pílulas viageiras que, dispersos ao longo de sua extensa produção literária, dão pistas de como o poeta modernista encarava o ato de viajar.

- Se vê que ainda não sei viajar, gozo demais, concordo demais, não saboreio bem a vida - escreveu quando sua expedição amazônica de três meses mal tinha entrado na terceira semana.

Mas isso não é tudo (e tampouco é só sobre isso). Assim como o escritor Ignácio de Loyola Brandão avisa no prefácio, esta é uma obra “para descobrir e curtir outro Mário, humano, neurótico, impaciente, irônico, mas atento ao mundo e principalmente ao Brasil”.



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“Há anos, muitos anos, que eu não deparava com um estudo tão diverso e cativante como este de Eduardo Vessoni. Principalmente porque é um texto delicioso de ler, sem ter uma linguagem cifrada, com os jargões acadêmicos, vocabulário inacessível, destinado a estreito círculo. Na verdade, é um texto prazeroso que Mário de Andrade adoraria ler porque nos prende e vai nos revelando um Mário inusitado. Imaginei a pesquisa exaustiva.

Aqui está o Mário das viagens, das amizades, das manias e idiossincrasias e, principalmente, o Mário hipocondríaco, que tinha sempre à disposição medicamentos como Gelol, Urodonal, Klankal, Anafil, Efedrina, Cafiaspirina, Sedol. Um Mário que sofria de tudo que se possa pensar.

Este é um livro para descobrir e curtir outro Mário, humano, neurótico, impaciente, irônico, mas atento ao mundo e, principalmente, ao Brasil, ao âmago do país, ao fundo de cada pessoa, ao linguajar, às maneiras de falar. Descubra aqui de onde veio todo o material contido em sua obra.

Eduardo revela um Mário complexo, mas sábio, pesquisador, inovador, inquieto, curioso, irritadiço, divertido, que viaja, viaja, mas de maneira como poucos viajam. Um livro agradável de ler. Impossível parar. A editora Patuá tem em mãos um desses livros que nascem para marcar. Livro referência. Talvez isso afaste os “sábios intransigentes das torres de marfim”, os “donos da verdade””

Trecho do prefácio escrito por Ignácio de Loyola brandão