O ano de 2020 marca o sesquicentenário de nascimento do poeta Alphonsus de Guimaraens (1870-1921), um dos grandes nomes do Simbolismo brasileiro. Sua obra poética, de estrutura clássica e marcada pela métrica impecável, tem como tema central a morte da mulher amada – experiência que viveu na juventude com
o falecimento de sua noiva Constança, vítima de tuberculose. A primeira edição de Pastoral aos crentes do amor e da morte foi publicada postumamente em 1923, e o livro ganha agora esta nova edição comemorativa.

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Foi a tua beleza?
Foi toda a minha Dor?
Não sei, nem sabes, mas na devesa
Chorou cantando o rouxinol do amor.
Ias de preto, leve,
Como uma andorinha no ar.
Pelo céu tranquilo tombava a neve
Do meu pesar.
Como tinhas de ser crucificada,
Abri-te os braços...
O luar, mais brando do que tu, Amada,
Vinha guiar os nossos passos.
Agora que cheguei e que chegaste
Ao fim da vida,
Bem sabes que a ilusão com que sonhaste
Foi pérola de bem alto caída
E que vimos enfim no mar perdida...
No mesmo mar ebúrneo do teu seio,
Donde ela em tempos mais felizes veio!