Com a Operação Sem Desconto, a Polícia Federal desbaratou uma quadrilha que roubou em torno de 6 bilhões de reais de pelo menos 1 milhão de aposentados e pensionistas do INSS. É uma das maiores roubalheiras da história da República. Breno Pires conta em detalhes na edição deste mês como foi montado o megaesquema criminoso, que não começou agora. Remonta ao tempo do presidente Michel Temer, persistiu no mandato de Jair Bolsonaro e continuou a pleno vapor no governo Lula – que agora tem que se virar para resolver o escândalo colossal (A construção da pilhagem).

Em Nova York, João Batista Jr. acompanhou o julgamento de George Santos. Ele foi o primeiro americano de origem brasileira que se elegeu deputado nos Estados Unidos. Acabou cassado, depois que veio à tona a série de mentiras e crimes que cometeu ao longo da vida (The loser).
No litoral do Rio Grande do Norte, Allan de Abreu se encontra com o austríaco naturalizado brasileiro Werner Rydl, que diz ter uma fortuna em ouro em um país flutuante em pleno Oceano Atlântico. Caso tenha, ele é o terceiro homem mais rico do Brasil. Para a Polícia Federal, entretanto, Rydl não passa de um astuto golpista, que criou uma ardilosa lavanderia do crime (Em alto-mar).

Enquanto alguns roubam, outros tentam cuidar do dinheiro da União. É o que fazem os funcionários da Consultoria de Orçamentos, Fiscalização e Controle, do Senado Federal. Camille Lichotti explica como os aplicados burocratas desenvolveram um programa inovador, o Siga Brasil, capaz de rastrear todas as contas públicas – ou quase todas, não fosse o “orçamento secreto” atualmente em prática no Congresso (O burocrata).

Enquanto alguns destroem, outros tentam preservar, como fez o fotógrafo Sebastião Salgado, que morreu em maio. Ele criou o Instituto Terra, projeto de restauração florestal da fazenda onde cresceu em Minas Gerais que hoje ocupa 2,3 mil hectares, como descreve o cineasta Fernando Meirelles, diretor de Cidade de Deus. A revista publica uma série de fotos inéditas feitas por Salgado na fazenda, em que pela primeira vez ele utilizou um drone (Tião voador).

A destruição maior fica por conta de Donald Trump. O cientista social Marcos Nobre explica como as medidas tomadas pelo presidente americano nos últimos meses fizeram desmoronar a globalização orquestrada pelo neoliberalismo e agora colocam desafios inéditos para todas as nações. Diante do rearranjo político dos grandes, para o Brasil e outros países periféricos só resta a subglobalização (O Brasil sob Trump).

Leia ainda:
• Fernando de Barros e Silva reflete sobre os namoros e impasses do governo com o agronegócio (Lula e o agro – ser ou não ser?).
• José Henrique Bortoluci conversa com uma militante de movimentos sociais de esquerda, no segundo texto da série Geração Democracia (A luta e o impasse).
• Fernando Tadeu Moraes mostra como a alta tecnologia está abrindo uma nova era para a cirurgia psiquiátrica (Miliamperes no cérebro).
E nas esquinas:
O movimento inspirado pelo papa Francisco que prega uma economia justa e sustentável; uma cidade mineira sem maternidade; uma rara aparição do poeta Francisco Alvim em São Paulo; o músico que virou plantador de cabaças e construtor de instrumentos em Pernambuco; um matador de baratas no Rio; a superação do luto na festa do Boi Pavulagem, no Pará; o dialeto de um bairro carioca para driblar a repressão.

Boa leitura!
André Petry
Diretor de redação