Poetas, crianças e criminalidade gira em torno de um texto de Jean Genet, inédito em castelhano e em português - A criança criminosa. Um texto originalmente pensado para ser ouvido através do rádio e que depois Genet coloca em seus escritos quando sua palavra é rejeitada.

Seus artigos tecem uma trama na qual, a partir de ângulos diferentes de visão, os autores tentam cingir algo da "coisa" criminosa e da possível imputação desse adjetivo ou propriedade às crianças.

Tarefa impulsionada pela interpelante e convocadora escrita genetiana, que induz externamente, a pensar na condição atual das crianças e da infância, e guiada pelo traço singular do poeta e escritor que - desse lugar - lê as fissuras da "boa" ordem social.

Poetas, crianças e criminalidade ajuda a abrir e a situar as múltiplas direções que A criança criminosa abre. Ele o faz respeitando a enunciação singular de Genet, a particular inflexão que este outorga à legalidade, à ética, ao castigo, à comedia da representação da ordem. Não se trata de recuperar um ato que a boa consciência trata de apagar? Não se trata de pensar a partir da realidade e de suas sinistras conseqüências? O que pode perturbar uma política - da educação, do direito, do conhecimento - que não pode dar conta de seus próprios mecanismos de expulsão, marginalização, estigmatização e segregação? Paradoxalmente, Genet consegue algo extraordinário instrutivo, que se desenha na linha de fuga através de sua leitura e dos comentários que a acompanham.