Romance de formação que tem como pano de fundo os anos de chumbo da ditadura militar, com a censura e as perseguições políticas retratadas no cotidiano de um grupo de jovens que buscam encontrar seus caminhos na vida. Rita é uma personagem emblemática, vivendo sua juventude sob o clima de opressão da época, ao mesmo tempo que descobre o mundo, os amores e amizades que seguirão pela vida inteira, sob a trilha sonora marcante de Roberto, Erasmo, Gil, Caetano e tantos outros nomes que marcaram essa geração.

"O principal neste primeiro romance de Marina Slade não é a paisagem, e sim o contexto social, cultural, emocional e estético que envolve Rita, a protagonista. Uma moça aparentemente comum, vivendo o turbilhão de uma década em que tudo se transformou, em que os jovens se mostravam dispostos a não deixar pedra sobre pedra, questionando o pensamento e as instituições conservadoras, enquanto a ditadura militar se dedicava a cercear as liberdades democráticas, num processo que acaba alcançando e muitas vezes perturbando os sonhos das novas gerações." [elias fajardo]

Ele, que ansiava por liberdade e aventura, ia se enrolando com aquela menina de aparência mansa e cabeça fervilhando, cheia da valentia de quem nunca correu risco, que se sentia revolucionária por ter algumas ideias socialistas, participar de passeatas, greves, assembleias de estudantes e atirar pedras em PMs. Revolucionária também porque saía com ele, que não fazia em nada o tipo que seu pai gostaria de vê-la namorando, que não dizia duas palavras como ela esperava ouvir e volta e meia a fazia sofrer. Mas romântica porque o amava e, como uma heroína de filme água com açúcar, sonhava em ser feliz para sempre com ele.