Após ler a edição de O Globo que chegaria às bancas em 5 de junho de 2005, mostrando o tamanho de sua influência na máquina governamental e associando-a a uma dinheirama em recursos públicos, Roberto Jefferson enfureceu-se e resolveu acionar o detonador. Convencido de que estava em curso uma campanha para fritá-lo, comandada pela Casa Civil de José Dirceu, revelou o que muitos já sabiam, mas fingiam ignorar: o mensalão.

Desde então, uma sequência de escândalos sacudiu a política brasileira e não deu descanso às redações do país. Aos poucos, porém, as características mais essenciais e singulares do delator do mensalão foram ficando para trás. Não havia mais tempo a perder com detalhes. Vieram as investigações, as destituições, as prisões ordenadas pelo Supremo e uma destruição incrível de reputações.

O personagem que se encontra nas páginas de Roberto Jefferson: o homem que abalou a República é mais rico e complexo do que tudo o que a imprensa conseguiu contar até aqui. A Cássio Bruno não escaparam as situações mais pessoais, como a série de cartas escritas na prisão ou os bastidores do acidente que fizeram com que o político se apresentasse com um olho roxo na sessão pública que decidiu o seu destino na Câmara. Mas o melhor do livro é dar ordem às coisas, permitindo que entendamos a escalada de acontecimentos que levou Roberto Jefferson a puxar o pino da granada.