Sonilóquios é um convite para atravessar a fronteira difusa entre sonho e realidade, onde a lógica se desfaz e o absurdo encontra eco no cotidiano. Zé McGill constrói narrativas instigantes que partem do onírico para impactar o mundo desperto — ou seria o contrário?

Com uma prosa afiada e inventiva, o autor nos conduz por episódios em que o insólito se impõe sem pedir licença. “O sumiço” trata do súbito desaparecimento do Cristo Redentor, transformando o cotidiano carioca. Em “O manifesto”, sinais gráficos e de pontuação orquestram uma greve, reivindicando seu uso adequado na língua escrita. O teatro se transforma em cárcere em “Respeitável público”, quando os espectadores se recusam a deixar suas poltronas, desafiando o elenco e a própria noção de fim. Em “O sonilóquio suicida”, um frei se vê às voltas com um dilema inescapável: pode alguém ser condenado por algo que falou enquanto dormia?

Entre devaneios e reflexões aguçadas, os contos de Sonilóquios provocam, divertem e inquietam. Cada página é um convite a questionar os limites da imaginação e a aceitar que, muitas vezes, o absurdo dos sonhos não está tão distante da realidade.