Em que medida temos estado suficientemente atentos a essa curiosa marca que trazemos no corpo, o umbigo, a fim de tecermos reflexões em torno da própria experiência do (vir a) ser humano em sua ardente sede de conexões afetivas e busca de gratificações?
O senso comum costuma mencionar o “umbigo” como uma metáfora ligada unicamente a um modo de existência “egoísta” e/ou” egocentrado”. Contudo, essa avaliação parece deixar de lado um dado significativo sobre esse intrigante “sinal”, já que se trata também de um vestígio que diz respeito a uma visceral ruptura entre a experiência da vida pré-natal e uma existência mergulhada em um novo meio orgânico, de cuja imersão irrompe, precisamente, o fenômeno de uma vulnerável subjetividade.
Partindo explicitamente de algumas ideias desenvolvidas pelo filósofo alemão Peter Sloterdijk, cujas reflexões se encontram na primeira parte de sua monumental filosofia das esferas, a obra Umbigologia apresenta uma jornada pela qual o autor explora a importância simbólica do umbigo, conectando-o a temas mais amplos como a moralidade e a complexidade das interações humanas. Os personagens principais são os conceitos filosóficos que se entrelaçam, criando um rico conjunto de citações e fragmentos textuais articulados entre si.
Evidentemente, a ideia de uma “Umbigologia” parte de uma provocação filosófica e hermenêutica (ou uma “heurística”, se preferirem), cujo mérito reside, não tanto na ênfase supostamente “científica” dos argumentos e, sim, na irreverente convicção poética de que “falar do nosso umbigo” é irmos, paradoxalmente, muito além dele e de nós mesmos...