Com estes 34 estudos sobre o filósofo e escritor Walter Benjamin (1892-1940), os organizadores deste volume criaram uma constelação de aprendizagem que é interessante tanto para os já familiarizados com a sua obra quanto para os que nela desejam iniciar-se. Assim como no labirinto de uma metrópole, os caminhos de leitura são os mais diversos possíveis.

Podemos começar, por exemplo, por nos inteirar das apropriações da obra do autor no campo educacional brasileiro, nestas últimas décadas, em que foram fundamentais as suas edições e traduções. As suas ideias foram especialmente estimulantes na América Latina também pela importância que ele deu às coisas do cotidiano, como os brinquedos, o inconsciente ótico, a melancolia e a erótica. A partir daí abrem-se portas para diversos gêneros, formas e teorias da arte: os contos de fadas e o romance de formação, a música, a fotografia e o cinema – num contexto em que a arte se tornou também uma mercadoria.

Ao comentar essas diversas manifestações estéticas, entrelaçadas com elementos sociais, comerciais e políticos, Benjamin retratou uma época marcada por radicais transformações da percepção e do comportamento dos cidadãos: o crescimento vertiginoso das grandes cidades, o impacto do trânsito, do reclame e das novas formas de mídia, a sensação de viver num mundo kafkiano e surrealista... Toda essa polifonia está presente nos artigos deste livro.

Como pensar o destino do ser humano no meio dessas transformações, que continuam se desdobrando nos dias atuais? Quais são as perspectivas? O que significam, hoje em dia, as palavras de ordem que, ainda há pouco, mobilizaram as massas: consciência de classe – barricadas – revolução? E a quantas anda a fé no progresso ou num tempo messiânico? Será que entramos no tempo do contratempo? O que podemos aprender com todo esse passado, cheio de fetiches e fantasmagorias? Como escrever a história e o nosso presente? Talvez as imagens dialéticas de Benjamin ainda nos possam indicar um caminho.